
Por um bom tempo, alunos com necessidades específicas não tinham muito espaço nas escolas. Frequentavam classes especiais, que de especial não tinham nada. Apenas ofereciam um ensino que pouco propiciava o aprendizado e o desenvolvimento das crianças. Elas eram vistas como incapazes e as classes funcionavam mais como um depósito de crianças difíceis.
Elas não eram exclusivas dessas crianças e também serviam para aquelas que não se adequavam ao ensino oferecido. Essa não adequação funcionava (e ainda funciona) como indicador da incapacidade do aluno em aprender.
É aquela velha história do aluno ter que se encaixar nas características da instituição. O desafio é do aluno conseguir acompanhar determinado sistema de ensino, e não da escola promover seu desenvolvimento pleno dentro de suas peculiaridades. Como se todos fossem iguais. As coisas não mudaram muito.
Tanto é assim que em muitas instituições há a seleção para novos alunos. Não é qualquer um que entra em determinadas escolas. Inclusive, existem casos em que os pais ouvem dos coordenadores, após um trajeto em que o filho apresentou muita dificuldade, que ele não serve para aquela escola. Em verdade, é ela que não serve para aquele aluno, algo difícil de admitirem por barrarem em suas próprias limitações. Fica mais fácil ver as dos estudantes que as delas próprias.
Nem todas estão preparadas para qualquer clientela. Mas é preciso mudar essa visão do aluno ideal e começar abrir as portas para os mais diferentes, que não necessariamente tenham dificuldades específicas. Afinal, vivemos em uma democracia e todos merecem as mesmas oportunidades. É nisso que se baseia a inclusão escolar: qualidade de educação para todos, considerando suas diferenças (o que não se restringe às necessidades especiais).
Muitas escolas fazem a inclusão. Porém, é necessário atentar para que não seja apenas uma forma de autopromoção, como se isso fosse moderno, aceitando um aluno ou outro.
Realizar um trabalho assim exige uma formação especializada dos professores, em que a prática seja privilegiada, para que possam lidar com as diferenças e casos específicos.
E os resultados são positivos. Kallil é uma prova disso. A Universidade Federal de Goiás já tem um trabalho de inclusão e o jovem também participará dele. E isso provavelmente fará muita diferença. O mesmo vale para Gabriel e a Universidade Federal de Pelotas.
Incluir um aluno na escola é também incluí-lo no mundo e na sociedade. Há muito que se trilhar. E os pais dessas crianças e toda a sociedade devem exigir que esse trabalho realmente exista.
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