quarta-feira, 6 de junho de 2012

'Brasil não precisa de mais médicos, precisa de políticas públicas', diz Conselho Federal de Medicina

Ensino superior

CFM critica decisão do MEC de criar vagas em medicina

Aloizio Mercadante durante entrevista coletiva na tarde de terça-feira (05/06)
Aloizio Mercadante anunciou, na terça-feira, a criação de 2.415 vagas em cursos de medicina (Agência Brasil)
 
O Conselho Federal de Medicina (CFM) criticou a decisão do governo federal de criar 2.415 novas vagas em cursos de medicina pelo país até o fim de 2013. Por meio de nota, o CFM afirma que as escolas de medicina existentes oferecem baixa qualidade e deficiência na formação médicos e que a multiplicação das vagas não tem solucionado o problema da falta de profissionais. 

Das 141 instituições que oferecem cursos de medicina avaliadas pelo Conceito Preliminar de Cursos (CPC), 23 obtiveram notas ruins: entre 1 e 2. Nenhuma universidade obteve a nota máxima 5. "Ambos os casos decorrem da abertura indiscriminada de novas vagas e novos cursos de medicina em território nacional", diz a nota do CFM.

Segundo o órgão, entre 2000 e 2012, o número de escolas médicas passaram de cem para 185, e muitas não oferecem condições de funcionamento. "A abertura de novas escolas ou o aumento no número de vagas nas existentes é uma atitude desprovida de conteúdo prático e de bom senso", diz a nota.
Durante coletiva de imprensa, na tarde de terça-feira, o ministro da educação, Aloizio Mercadante, alegou que a relação de 1,8 médico por 1.000 habitantes no Brasil é insuficiente para o atendimento das necessidades do país. O CFM afirma, no entanto, que há atualmente 371.000 médicos em atividade no Brasil, ou 1,95 médico a cada 1.000 habitantes. O número supera a média mundial: 1,4 por 1000 habitantes.

Há, contudo, discrepâncias entre as regiões do país. No Distrito Federal, são 4,02 médicos por 1.000 habitantes. Já no Norte e no Nordeste, o índice se aproxima ao registrado em nações subdesenvolvidas. O CFM é enfático ao afirmar que "o Brasil não precisa de mais médicos", mas de "bons médicos e de políticas públicas que estimulem sua melhor distribuição pelo território nacional".

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